O Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF) mostra que a maioria dos portugueses não cumpre com os conselhos da conhecida Roda dos Alimentos.
Entre os principais erros destacam-se o consumo de carne e de lacticínios em excesso e a não ingestão de frutas, vegetais e cereais em quantidade suficiente. Para além disso, também se abusa do sal, não se respeita a dieta mediterrânica e não se pratica exercício físico com regularidade, conclui o maior inquérito alimentar nacional e de atividade física alguma vez feito no país.
Apresentados no dia 16 de março, na Reitoria da U.Porto, os resultados do estudo foram obtidos a partir de entrevistas a 6.553 portugueses de todo o país, com idades compreendidas entre os três meses e os 84 anos de idade. Desde 1980 que as autoridades de saúde não dispunham de tantos dados sobre práticas alimentares e de atividade física da população portuguesa.
No que toca ao consumo de “carne, peixes e ovos”, verifica-se que a população consome o triplo do que devia. Mais de 3,5 milhões de portugueses (44% da população) ingerem mais de 100 gramas de carne por dia, sinal preocupante para a prevenção do cancro do cólon.
Relativamente à ingestão de fruta, constata-se que um em cada dois portugueses não come a quantidade de fruta e de produtos hortícolas recomendada pela Organização Mundial de Saúde, sendo a inadequação mais elevada nas crianças e nos adolescentes.
Outro fator preocupante relaciona-se com o facto de 21% dos alimentos ingeridos pelos portugueses nem sequer constarem da Roda dos Alimentos. Falamos dos refrigerantes, néctares, sumos, cafés, chás, vinho, cerveja e outras bebidas alcoólicas. Os homens consomem mais bebidas alcoólicas do que as mulheres e os idosos mais do que os adultos. 5% dos idosos bebe diariamente mais de um litro de vinho.
Uma parte significativa dos portugueses também exagera no sal, ingerindo mais quantidades do que o organismo tolera. Aqui, convém destacar também a quantidade de sal que se coloca na sopa.
Metade dos portugueses têm excesso de peso
De acordo com o estudo, quase seis em cada 10 portugueses (5,9 milhões) são obesos ou encontram-se numa situação de pré-obesidade. Os idosos são o grupo mais vulnerável, com 8 em cada 10 a registarem obesidade abdominal. A Região Autónoma dos Açores e o Alentejo têm as prevalências de obesidade mais elevadas e as regiões Centro e Norte do país as mais baixas.
Relativamente à prática de atividade física, esta não vai além dos 41,8%, sendo, no entanto, as crianças com menos de nove anos as que se mexem mais (61%). A prática de exercício físico entre os idosos baixa para os 33%.
O Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF) foi coordenado por Carla Lopes, docente da Faculdade de Medicina da U.Porto e investigadora no ISPUP, e resulta de um consórcio entre a FMUP, a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação (FCNAUP), a Faculdade de Desporto da U.Porto (FADEUP), o ISPUP, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, a Faculdade de Motricidade Humana, a Universidade de Oslo e a empresa SilicoLife.
Imagem: Pixabay
Fonte: Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP)
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